Peça do Mês de agosto
área de conteúdos (não partilhada)Descrição: Gravura - “D. Fuas Roupinho appresenta a D. Affonso Henriques, o Rei Gamir, e seu irmão apprisionados na celebre batalha de Porto de Móz”.
Execução: Litografia de Santo, Largo do Conde Barão, nº 21
Medidas: Compr.: 37,4cm; Alt.:28,2cm
Material: Papel
Datação: XIX d.C. - XX d.C.
N.º de Inventário:1709
A data de 14 de agosto está para sempre gravada nas pedras da História de Porto de Mós, por isso este é um mês de celebração. Mas, ainda antes de evocarmos os feitos mais conhecidos, no universo que são as batalhas aqui travadas, lembramos neste mês de agosto a célebre Batalha de Porto de Mós. Para o fazermos apresentamos esta gravura alusiva ao feito marcante de D. Fuas Roupinho. Várias são as obras que descrevem esta batalha, num tempo longínquo, sendo a sua data estimada entre 1179-1180. Existe até alguma controvérsia quanto a D. Fuas: alguns estudiosos consideram que era Alcaide-Mor de Coimbra e, após a batalha, terá sido nomeado alcaide de Porto de Mós, mas também há quem refira que à época da batalha já era Alcaide de Porto de Mós, são exemplos:
“Em 1179, era Alcaide-Mor de Coimbra e encontrava-se no Castelo de Leiria quando teve notícia da presença, na Alcáçova de Porto de Mós, do rei mouro de Mérida, Gamir, que costumava repousar nesta terra, por admirar a beleza da região. Saiu com a sua hoste do Castelo de Leiria e atacou as forças Mouras, que foram derrotadas em renhido combate, apesar de usufruírem a vantagem duma considerável superioridade numérica. Depois seguiu, com o rei Gamir e quase todo o exército mouro cativos, para Coimbra, onde foi recebido com aclamações triunfais. D. Afonso I Henriques, em reconhecimento do seu mérito, recompensou-o com a nomeação de Alcaide-Mor de Porto de Mós”.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 26. 298
“O ilustre feito a que o Épico alude é a vitória alcançada em 1180 contra os mouros chefiados por Gamir, rei de Mérida, que vieram pôr cerco a Porto de Mós.
Narra Fr. António Brandão que o esforçado capitão D. Fuas conseguiu vencer o cerco, tendo-se retirado ocultamente à serra da Mendiga e dado recado aos alcaides de Santarém, Alcanede e outras terras para que lhe mandassem socorro. À gente de guerra que veio em seu auxílio o sábio capitão aconselhou que esperasse a chegada da noite. Caíram, então, sobre os mouros que haviam posto as suas tendas no rossio e nas margens do rio, tendo feito muitos prisioneiros, entre os quais el-rei Gamir e um seu irmão. Os príncipes mouros e alguns outros prisioneiros foram depois levados, com os despojos de mais valia, à presença de D. Afonso Henriques, que se encontrava em Coimbra e que recebeu D. Fuas e os seus acompanhantes com as honras que mereciam”.
“Castelo de Porto de Mós”, Estudo Histórico, RAMOS, Luciano Justo, 1971, pág.18
Independentemente das várias lacunas históricas de datação e transcrição dos feitos, Porto de Mós foi cenário das grandezas defensivas do povo português. Mas, talvez o seu apogeu bélico seja a data de 14 de agosto de 1385, quando se travou a importante e definidora Batalha Real - “Batalha de Aljubarrota”, entre dois exércitos régios (português e castelhano). Historicamente esta foi uma das raras grandes batalhas campais da Idade Média, e um dos acontecimentos mais decisivos da História de Portugal. O resultado imediato foi a derrota definitiva dos castelhanos, o fim da crise sucessória de 1383-1385, e a consolidação de D. João I como rei de Portugal, fundador da Dinastia de Aviz, que seria uma das mais brilhantes da nossa História, dando origem aos Descobrimentos.
São batalhas distintas, séculos as separam, mas ambas importantes para o orgulho de valentia com a vitória do povo português.
Batalhas eternas, assim como a obra de Luís de Camões em “Os Lusíadas, estrofe 16 do Canto VIII” alusiva aos feitos de D. Fuas Roupinho:
“Vês este que, saindo da cilada,
Dá sobre o Rei que cerca a vila forte?
Já o Rei tem preso e a vila descercada:
Ilustre feito, digno de Mavorte!
(…)”