Patrimónios online - Arquiteturas de pedra seca - os rendilhados da serra

A serrania calcária de Porto de Mós é um repositório de formas arquitetónicas nascidas do engenho das suas comunidades e da necessidade de estas se adaptarem a um ambiente pouco favorável. Já foi oportuno aqui abordar os ardilosos sistemas de captação de águas e as casinas.
Mas uma das mais profundas marcas do esforço do homem para humanizar o território encontra-se nas formas mais ou menos complexas de vedar parcelas de terreno, delimitar caminhos, criar cercas para o gado e estruturas de retenção de terra em torno das sequiosas oliveiras. A “despedrega” imprimiu, por esta via de libertação do solo do excesso de pedra solta, uma marca vincada da presença humana, com paralelos na bacia do Mediterrâneo, em Espanha, no sul de França, na Itália e na Grécia, entre outros.
Os rendilhados de muros de pedra seca dominam o Planalto de Santo António, na Freguesia de São Bento, os vales profundos de Chão das Pias, Alvados e Alcaria, mas também as encostas áridas onde só a oliveira parece querer demorar-se.
Hoje, estes testemunhos de vidas feitas de um quotidiano sofrido ascendem à categoria de Património Cultural, ganhando a força de marca identitária.