Peça do mês - setembro
área de conteúdos (não partilhada)Descrição: Caixa Métrica Nº2
Datação: 1ª metade séc. XX
Proveniência: EB1 Tojal de Cima – Porto de Mós
Medidas:100x50x23,5cm
Materiais: madeira, vidro e metal
N.º de Inventário:MMPM2672
Estamos em setembro, mês que marca o final do Verão e chegada da nova estação. Mas também o mês que marca o início das aulas e com ele vários recomeços. Este ano lectivo 2020/21 será o primeiro a incluir a grande alteração de proximidade entre colegas, onde a máscara e o distanciamento entre colegas é o tema dominante, tal como as novas regras escolares.
Pensando neste mês de mudança e na escola como sua peça central, selecionamos como peça do mês o móvel vitrine escolar, Caixa Métrica Nº2.Também ela marca uma época. No caso, um tempo com métodos de ensino muito diferentes, servindo esta caixa para acondicionar utensílios usados pelas crianças na sua aprendizagem. Nessa época, os objetos podiam passar de mão em mão entre os colegas, terminando no final da aula na secretária da professora, que os voltava a guardar no móvel. Com eles as crianças de outros tempos aprendiam medidas de líquidos e sólidos, formas geométricas, medidas de comprimento, pesos e métodos de contagem.
As alterações do ensino ao longo da História, foram sempre um tema registado em obras literárias e nas memórias orais que vão passando de geração em geração. Em Portugal podemos salientar alterações significativas após os anos 50 do séc. XX, no primeiro nível, (atual 1º ciclo de escolaridade).
Recordemos que, nos anos 50, Portugal deparava-se com o problema do baixo ingresso das crianças no ensino primário, com uma taxa de analfabetismo de 40%. Contribuía para esta taxa o facto das famílias de classe social média e alta matricularem os seus filhos na escola, ao passo que as de rendimentos médios baixos, embora se empenhassem, nem sempre conseguiam colocar os seus filhos na escola (havendo os que simplesmente não os integravam, tendo como objetivo que os seus filhos mais velhos tomasse conta dos mais novos, enquanto os pais trabalhavam). A classe mais pobre simplesmente não conseguia, salvo uma ou outra exceção, sendo as crianças utilizadas para trabalhar e ajudar no sustento da casa.
Em 1952 é lançado o Plano de Educação Popular para combate ao analfabetismo, passando a escolaridade obrigatória a ser de quatro anos em 1956,embora atingindo apenas os alunos do sexo masculino e os adultos. O alargamento da escolaridade obrigatória para as crianças do sexo feminino apenas aconteceu em 1960.
Este era um tempo com turmas e matérias desiguais entre os géneros, existindo turmas (e mesmo escolas) para rapazes e outras para raparigas.
De então para cá, caixas como a da imagem tornaram-se obsoletas, existindo uma grande evolução de métodos de aprendizagem, nomeadamente os mais recentes através de ferramentas eletrónicas.
Hoje também nos deparamos com a mudança, uma mudança que propõe distanciamento entre os alunos na prevenção da sua saúde.
O mais importante é o resultado final da retenção do conhecimento, quaisquer que sejam as formas e os materiais empregues como ferramentas de ensino, o veículo de aprendizagem, as regras de saúde. O saber é a melhor arma de enriquecimento do homem e da sociedade. Que este seja um excelente novo ano letivo para todos.