Peça do mês de outubro
área de conteúdos (não partilhada)Descrição: 14 azulejos
Proveniência: Convento dos Agostinhos Descalços - Porto de Mós
Marca: Real Fábrica do Juncal (1770-1876) – Juncal – Porto de Mós
Datação:1777-1780
Matéria: barro, cumbo e estanho para vidro, areia branca para calcinar o vidro, safra e esmalte para tinta azul, antimónio para obter cor amarela
Medidas: 13,5x13,5cm (cada um)
Doador: José Pedro de Sousa Rosa
Nº Inventário: MMPM 537
Estávamos a 19 de outubro de 1673, quando, em Leiria, frei Manuel da Conceição recebeu autorização do bispo diocesano, D. Pedro Vieira da Silva, para a fixação da ordem dos Agostinhos Descalços em Porto de Mós. Esta autorização, formalizada há exatamente 347 anos, permitiu a fundação de um convento na vila, que se traduziu na construção do edifício conventual, no ano de 1676. No interior deste convento, existiam paredes revestidas de azulejos fabricados na Real Fábrica do Juncal, freguesia de Juncal, concelho de Porto de Mós, datados do século XVIII. Após a extinção das ordens religiosas, no ano de 1834, e até aos dias de hoje, várias foram as vicissitudes que passou o monumento original, chegando aos dias de hoje despojado dos azulejos existentes.
Selecionamos 14 elementos de uma composição ornamental de azulejos, que referimos como peça do mês, por serem elementos “vivos” que chegaram aos dias de hoje testemunhando uma riqueza histórica do concelho. Pensemos de resto que este convento foi um elemento determinante para a evolução urbana de Porto de Mós, bem como afectou as suas gentes na sua fé, nos exemplos morais e, mesmo, economicamente. Expor este conjunto em outubro serve vários propósitos.
Por um lado, permite-nos reviver e comemorar a data de autorização da fixação dos Agostinhos Descalços, de invocação do Bom Jesus de Porto de Mós, residência dos frades, os quais desempenhavam um papel importantíssimo de apoio à população.
Por outro lado, podemos também lembrar neste mês de outubro, alguma da História mais recente. Como o caso daqueles que pernoitavam nos quartos do extinto convento: os trabalhadores agrícolas vindos da zona do Bombarral, contratados nos finais dos anos 50 e pelos anos 60 do séc. XX, pelo senhor José Miguel Alves de Porto de Mós, um dos proprietários do edifício do convento, para a apanha das uvas e azeitonas das suas vinhas e olivais (conforme os dados verbais cedidos pelo doador e pelo senhor Olegário Beato). A oliveira, como sabemos, é extremamente importante na flora envolvente do concelho de Porto de Mós. Neste mês, as uvas estão vindimadas, há que preparar o lagar para a azeitona. E, enquanto esperavam o início da sua apanha, mantendo-se no concelho até ao final da apanha da mesma, estes trabalhadores, que com estes e outros azulejos se cruzaram, exerciam outros trabalhos agrícolas por cá.
Por último, e não menos importante, serve esta evocação dos azulejos para os admirarmos na sua beleza e antiguidade. Hoje podemos encontrar azulejos iguais na composição ornamental que se encontra na igreja de São Pedro, Porto de Mós, antigo templo do convento em questão, na divisão do Baptistério. Azulejos que perduram no tempo contrariando a sua extinção, fruto da consciencialização do valor intrínseco da obra. Seja doador/conservador de elementos que colmatam as lacunas históricas da arte.