Peça do Mês de Julho
área de conteúdos (não partilhada)Designação: Saco têxtil
Datação: Inicio Séc. XX
Material: Têxtil e sisal (cordão)
Proveniência: Mendiga, concelho de Porto de Mós
Medidas (cm): Alt.: 57, larg.: 31 (abertura: 25)
Decoração: geométrica, conseguida pelas bandas verticais e de diferentes larguras alternadas entre si, de tecidos de cor mais escura e mais claro utilizados na sua execução.
Doadora: Emília Coelho Ferreira
N.º de Inventário: 1782
O mês de Julho ficou marcado na história do concelho de Porto de Mós, decorria o dia 24 de julho, do já longínquo ano de 1305. Foi quando o rei D. Dinis outorgou à vila o seu 1º foral. De grande significado, foi o reconhecimento da existência, já na altura, do fabrico de panos na zona da vila, ou seja, da capacidade de organização das gentes portomosenses. Impressionante, se pensarmos nos mais de 700 anos que nos separam desse momento.
Uma herança deixada ao concelho de Porto de Mós, que valoriza esse reconhecimento da capacidade das nossas gentes de antanho e nos permite agora comemorar os 716 anos do nosso 1º foral fruto da nossa capacidade de organização. O têxtil, que tanto marcou a nossa história local serve de mote à peça do mês. No caso, com este tipo de saco executado em tear manual na localidade de Mendiga, concelho de Porto de Mós.
Vários eram os tipos de peças executadas em teares manuais existentes no concelho, tais como: mantas, tapetes, passadeiras, panos, sacos, etc.. Do tipo da peça apresentada, a matéria-prima advém da reutilização de tecidos de peças de vestuário (e outras) usadas, cortadas manualmente em tiras finas, com as quais se enrolavam fazendo novelos. A este aproveitamento dá-se o nome de trapos, palavra que marca este tipo de peças executadas em teares manuais e que, no caso, dá mesmo nome à peça: manta de trapos.
Este tipo de saco tinha múltiplas funcionalidades à época da sua utilização, tal como o transporte de milho que era levado ao moleiro para o converter em farinha, também acondicionamento de vários tipos de cereais, assim como o transporte de bens de primeira necessidade. Saco têxtil do início do séc. XX, pioneiro nas utilizações referidas em comparação com o papel existente e ainda antes dos sacos de plástico, que chegariam quase três quartos de século depois. O saco têxtil era então muito utilizado, lavado muitas vezes, o que levava à quebra de fibras que o compunham. Consequentemente, as mulheres costuravam remendos no interior ou exterior (como é o caso do saco) de forma a reutilizá-lo de novo.
Saco, peça representativa da capacidade de reutilização de materiais têxteis, na sua utilidade como objecto e respeito pelo meio ambiente, exemplo que devemos registar visualmente e equacionar apostar de novo neste tipo de peças.
Museu Municipal de Porto de Mós