Peça do Mês de Abril
área de conteúdos (não partilhada)Designação: Chávena de chá com pires
Marca: OBAR - Olaria de Barro Artístico e Regional
Datação: “Anos 70 séc. XX”
Medidas (cm): Chávena – 12x6x9,5. Pires – 12,7x2
Material: cerâmica de barro vermelho
Doador: Aires Manuel Pereira Moniz
N.º de Inventário: 2952
Falar em abril é, em Portugal, falar em revolução. O mês de abril é aquele que, há 49 anos, os portugueses associam instantaneamente à revolução de 25 de abril de 1974, aquela que restaurou a democracia e a liberdade. Um dia ainda mais vincado por quem o viveu. De forma a comemorarmos essa data e também assinalarmos o dia 15, Dia Mundial da Arte, apresentamos uma peça de cerâmica de barro vermelho. Uma escolha que recai numa cerâmica identificativa da nossa região, mas que, no caso, tem também como objectivo dar a conhecer a decoração que se destacava à época da revolução. Esta é fruto da liberdade criativa do ceramista, curiosamente também ele nascido no mês de abril. Trata-se de Romeu Augusto (Nasc. 04-04-1915 – falec. 12-11-1999). Esta criação foi feita quando Romeu Augusto exercia a sua actividade na localidade de Cruz da Légua, freguesia de Pedreiras, concelho de Porto de Mós. Como pintor várias foram as suas criações decorativas que tornaram as suas peças únicas. A decoração aqui representada era definia como: “género de sabor puramente popular”. Para a criar utilizou o contraste entre o vermelho da pasta (barro) com engobes brancos, como dizia: “a cor do barro como elemento decorativo”, revestida por vidrado incolor. Porém, por não ter registado como sua a autoria das criações decorativas, levou a que outras empresas /oficinas cerâmicas locais aplicassem a mesma decoração nas suas peças, tendo como motivo o pedido dos clientes: como dizia Romeu Augusto sobre a aceitação da sua criação: “agradou imenso”. A peça aqui apresentada é fruto da propagação desta decoração, um cunho dos tempos, enquanto o Pais cunhava o valor da liberdade.
O nosso quotidiano, que tantas vezes está à margem da História, é absolutamente relevante para percebermos as alterações do nosso passado colectivo e o contexto em que elas ocorreram. É importante conhecermos as nossas atividades produtivas à época, a arte criada que identifica um tempo. Conhecendo melhor o nosso passado, ficamos mais enriquecidos com a herança que recebemos enquanto povo.
Museu Municipal de Porto de Mós