Peça do Mês de Fevereiro
área de conteúdos (não partilhada)Denominação: Banco tripé
Datação: C.1920
Material: madeira
Medidas (cm):36,5x36,5x30,5
Nº inventário: 1374
Doadora: Maria Ludovina da Luz Ferreira
Sabe-se que é uma celebração com raízes antigas, embora se perca no tempo a sua origem exata. Uma das teorias reporta o Carnaval como herdeiro de festas e orgias pagãs, que se celebrariam em torno da fecundidade da natureza e da Primavera. Mais tarde a Igreja Católica haveria de colocar um peso diferente nesta época, cuja celebração pode ser mutável. Este ano é no mês de fevereiro que incidem as festividades carnavalescas. Como sabemos, o dia de Carnaval e o domingo que o antecede, são “dias gordos”, de folia e onde se comem diversas iguarias de carne. O dia após o carnaval, a Quarta-Feira de Cinzas, marca o início da Quaresma, que os católicos consideram a preparação para a Páscoa. Como tal a Igreja propõe uma escolha de alimentação simples e pobre, com a tradição a indicar a abstenção de carne na Quarta-Feira de Cinzas e pelo menos nas sextas-feiras da Quaresma.
É para evocar esta dupla ligação – ao Carnaval e à carne - que comemoramos a partir do dia 11, Domingo Gordo, que apresentamos o banco tripé. Um curioso objeto, de dupla funcionalidade, que era utilizado para assento à lareira e no verso para cortar carne. Algo que está hoje erradicado dos nossos costumes mas que é um belo exemplo do uso do material “madeira” que está “à mão” do executante. Para quem necessitasse de um móvel de assento, a baixo custo e, neste caso, numa vivência típica de aldeia. No caso deste banco, ele é proveniente do lugar de Alvados, que hoje pertence à União das Freguesias de Alvados e Alcaria, concelho de Porto de Mós.
Este banco reporta ao primeiro quartel do séc. XX, onde a beleza natural do material sobressai ao observador, sem haver preocupação nos polimentos de irregularidades naturais, onde a simplicidade do fabrico tinha como objetivo a funcionalidade desejada, onde o uso para os fins que se necessita é mais importante que os acabamentos mecânicos ou estéticos.
Banco executado manualmente, concebido por quatro elementos de madeira: uma rodela de tronco de árvore com cerca de 5cm de grossura e 36,5 diâmetro, onde se marcou a posição dos três furos onde vão encaixar as pernas do banco, no caso três ramos de árvore que vão fazer de pernas.
De salientar que a sua rusticidade é mais acentuada pela não conformidade nas medidas.
Museu Municipal de Porto de Mós