Peça do Mês de Março
área de conteúdos (não partilhada)Denominação: Manilha
Datação: C.1889
Material: Cerâmica de barro vermelho vidrado no interior.
Local de fabrico: Cruz da Légua, freguesia de Pedreiras, concelho de Porto de Mós
Medidas (cm): comp.49,5; diâm.8
Nº inventário: 367
Doador: Francisco Jorge Furriel
Na vizinha Espanha – na Andaluzia – estão a ser tomadas medidas drásticas quanto ao consumo de água, medidas ditadas pela escassez deste bem precioso. Por cá, Alentejo e Algarve também se mostram as regiões mais afetadas pela falta de água. Sabemos que a falta de água será um dos nossos problemas no futuro, embora muitas vezes esta questão pareça muito longe da nossa realidade, cada vez que abrimos a torneira e temos água e o mesmo serve para falar no saneamento, outra das comodidades da nossa vida atual.
A questão da reserva e distribuição de água está longe de ser uma questão moderna, se pensarmos por exemplo nos aquedutos que há séculos serviam para esse fim – e não só.
No mês de março há várias efemérides ligadas a estas questões. Desde logo o dia 11 de março, em que se comemora o Dia Mundial da Canalização. Por mais que possa parecer “estranho”, este dia tem como objetivo servir para refletir sobre a importância da canalização na saúde e bem-estar, quer este serviço esteja ligado à água potável ou ao saneamento. No nosso dia a dia estamos tão “formatados” ao uso dos meios que temos, que só questionamos o seu valor quando há uma avaria. Ou quando as noticias nos dizem que, em pleno século XXI “26% da população mundial não tem acesso a água potável segura e 46% não tem acesso a saneamento básico” (estes são dados de março de 2023).
E é também neste mês, no dia 22, que se assinala o Dia Mundial da Água. Para comemorarmos estes dois dias (11 e 22), apresentamos uma manilha executada numa olaria no lugar de Cruz da Légua nos finais do séc. XIX, um dos tipos de peças cerâmicas de barro vermelho identificador da nossa região: são antigas as ligações comprovadas por vários achados arqueológicos. E, mais recentemente, desde o século XVIII. Após o uso deste tipo de material nas manilhas, passou a utilizar-se material metálico e, por sua vez também “substituído” pelo plástico.
Mostrar os utensílios e de que materiais são executados, serve de conhecimento “vivo” de comparação para evoluirmos para o futuro. É fundamental termos comparação e perceber a evolução dos materiais e sua utilização na nossa evolução civilizacional. Além disso, conhecer esta peça tem especial importância para os portomosenses, pois é mais um tipo de peça manual executado pelos oleiros, demonstrando a diversidade de tipos de peças e também a matéria do barro vermelho que ainda hoje é trabalhado nesta localidade de Cruz da Légua.
Museu Municipal de Porto de Mós