Peça do Mês de Janeiro
área de conteúdos (não partilhada)Denominação: Base de Galheteiro
Marca: Real Fabrica do Juncal
Datação: Séc. XVIII
Dimensões (cm):alt.17; comp. 19; larg.8,8
Material: Cerâmica
Nº inventário: 615
Doadora: Perpetua Amélia Galvão da Silva Barreiros Calado
Iniciamos o ano a escolher novas peças do acervo do nosso Museu para destacar, recordando que estas sevem para recordar o passado, perceber a nossa evolução e não esquecer quem somos. Neste novo ano o primeiro destaque da Peça do Mês é feito através da base de um galheteiro. Neste caso, após uma intervenção de restauro sem preenchimento volumétrico para colmatar as lacunas existentes. A peça chegou em doação ao museu já com a ausência das duas galhetas e em conjunto de nove fragmentos e esta é uma peça especial, pois trata-se de um objeto de uso quotidiano, com valor de acervo em termos de cerâmica e que também celebra o uso do azeite, marca indelével do nosso País. Mas, como pode uma peça partida em nove pedaços, vir a ser um elemento de museu?
É aqui que entramos em linha de conta com o trabalho do conservador-restaurador, que não desiste da existência da “história viva”. Deixar de restaurar era eliminar uma peça identificativa de cerâmica da Real Fabrica do Juncal (1770-1876), localizada na Freguesia do Juncal, concelho de Porto de Mós. Muito conhecida a partir de 1784, foi uma das primeiras indústrias de cerâmica da região e do reino de Portugal. A sua produção distinguia-se das restantes pela tonalidade amarela-férrea ou vermelha do barro utilizado nas peças fabricadas, além do tom do branco opaco do vidrado (o barro com vidrado estanífero) e a utilização frequente de uma cor vinosa ou azul na pintura. À decoração inicial baseada na porcelana oriental, sucedeu a inspirada nas flores e plantas tão comuns na região e que ficou conhecida por “maneira do Juncal”. O que distingue mesmo a cerâmica do Juncal é a sua decoração, única entre todas as outras provenientes de fábricas da mesma época. De salientar que embora faltem elementos à peça, atualmente é rara a existência de peças idênticas a esta.
E, se hoje podemos admirar esta peça e as suas características únicas, devemo-lo ao trabalho do Conservador-Restaurador, o profissional que conserva e restaura (caso haja necessidade) os bens culturais, preservando seu valor histórico-cultural. E cujo Dia Internacional [do Conservador-Restaurador] se celebra no próximo dia 27.
Museu Municipal de Porto de Mós