II Jornadas debatem a importância dos arquivos na comunidade
área de conteúdos (não partilhada)As II Jornadas Memória Futura: arquivos na comunidade “Documentos de abril” tiveram lugar em Porto de Mós, no dia 30 de outubro, na Central das Artes, onde se encontra também a Mostra Documental “Documentos de Abril”, que surgiu precisamente no âmbito deste encontro, até ao próximo dia 11 de novembro.
A Conferência Inaugural ficou ao encargo de Maria Fernanda Rolo, Professora catedrática da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que tem vindo a desenvolver um trabalho notável sobre a valorização dos arquivos de comunidade, focando aspetos como a participação, diversidade, e acessibilidade dos materiais como documentos escritos, fotográficos, objetos, testemunhos orais trazendo ainda para a apresentação o exemplo do projeto “Memórias para Todos”
O encontro seguiu com o primeiro painel “Os arquivos, a história e a construção da memória de Abril”, sob moderação de Pedro Penteado, diretor de Serviços de Arquivística e Normalização da Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Este painel contou, assim, com a participação de Paulo Tremoceiro, Chefe de Divisão de Comunicação e Acesso da Torre do Tombo, que trouxe uma visão muito clara da dinâmica da instituição assim como dos principais fundos documentais existentes no Arquivo Nacional, que poderão trazer linhas de investigação para a memória do antes e pós 25 de Abril.
Pedro Félix, Coordenador da Equipa Instaladora do Arquivo Nacional do Som, esclareceu a audiência sobre as potencialidades dos arquivos sonoros e os principais desafios que enfrentam, trazendo exemplos práticos associados ao 25 de Abril. Jorge Custódio, Historiador, Museólogo e Investigador do Instituto de História Contemporânea, Nova Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, encerrou o painel com o testemunho vivo de quem viveu Abril, aliando a experiência pessoal ao conhecimento científico de forma exímia.
O segundo painel do dia foi dedicado à temática “Património local e regional: a documentação de Abril”, com moderação de Maria Cristina Vieira de Freitas, diretora do Arquivo da Universidade de Coimbra e do Centro de Documentação 25 de Abril, da Universidade de Coimbra.
Acácio de Sousa, Historiador, investigador e coordenador da Comissão das Comemorações do 50º aniversário do 25 de Abril de 1974 em Leiria, abriu o painel com um mapa conjetural dos arquivos em Portugal, identificando as suas conquistas, mas também os desafios com que se deparam, deixando uma série de indicações e sugestões para técnicos e decisores. Filipe Guimarães da Silva, Diretor Executivo da Fundação Mário Soares e Maria Barroso e investigador integrado no projeto “Memórias para Todos”, apresentou o trabalho notável que a fundação desenvolve na preservação de património muito vasto e a forma como estende a sua atuação às comunidades locais. Emília Margarida Marques, antropóloga e investigadora no Centro em Rede de Investigação em Antropologia e no Instituto de História Contemporânea, expôs o trabalho de investigação, que teve como pilar fundamental fontes escritas bastante relevantes, muitas delas cedidas por uma variedade de arquivos locais que originou uma exposição intitulada "Artistas na Fábrica” que retrata o trabalho de 3 artistas da região de Leiria no contexto histórico e social do decurso da Segunda Guerra Mundial, na afirmação do neorrealismo e da resistência à ditadura em Portugal.
Sandra Gomes e Elsa Bento, membros da Rede de Arquivos da Região de Leiria, encerraram o encontro com uma mostra alargada de documentos dos vários municípios da região, referentes ao período pré e pós-revolução do 25 de abril, concretizando em exemplos práticos a importância dos arquivos municipais, por um lado, e a riqueza dos seus acervos, por outro.
O debate entre oradores e técnicos deixou antever a larga e profícua discussão que há, ainda, a fazer sobre a importância dos arquivos, a sua gestão e as lacunas existentes em termos de legislação e diretrizes que os orientem e valorizem.