Porto de Mós acolhe conferência e exposição sobre Calçada Portuguesa
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O Município de Porto de Mós acolheu, no decorrer do dia 5 de março, a conferência e a inauguração da exposição com o mesmo nome “A Arte e o Saber Fazer da Calçada Portuguesa”. O encontro acontece enquadrado na candidatura da Calçada Portuguesa a Património Cultural Imaterial da UNESCO, uma forma de manter a “herança cultural viva de uma comunidade”, como afirmou António Prôa, secretário-geral da Associação de Calçada Portuguesa, da qual o município de Porto de Mós é membro associado e parceiro no âmbito da candidatura.
Foi neste sentido que o município acolheu este encontro, tendo Jorge Vala afirmado, na sua nota de abertura, que “a chancela da calçada enquanto bandeira do nosso país nos vários continentes” é motivo de orgulho e testemunho da importância de oficializar esta arte.
O empenho do autarca no decorrer do processo, que iniciou em 2021, foi gratificado pelo representante da Associação de Calçada Portuguesa. Segundo António Prôa, a candidatura visa valorizar a arte, mas obedece a critérios mais profundos que se prendem, nomeadamente, com a consideração da profissão de calceteiro. Deste modo, foram creditadas várias entidades para dar formação, estando 6 a lecionar a 33 formandos e tendo já emitido 15 certificados. A profissão de calceteiro enfrenta vários problemas, entre eles a idade avançada dos seus profissionais, que se situa entre os 55 e os 60 anos, a dificuldade em angariar novos executantes e, por conseguinte, em passar conhecimento.
Por outro lado, a Calçada Portuguesa obedece a uma cadeia de valor que assenta na extração, construção e manutenção dos trabalhos de calçada, com destaque para a sustentabilidade ambiental do processo.
Encontra-se, ainda, a decorrer um levantamento de todos os trabalhos significativos de Calçada Portuguesa no mundo, havendo registo de 18 países e mais de 100 locais, com destaque para o Brasil.
António Miranda, historiador do Município de Lisboa, fez uma resenha histórica sobre o trabalho de calcetamento até ao surgimento da arte da Calçada Portuguesa, sublinhando a especificidade desta última.
Já o responsável pelo Património Cultural do Município de Porto de Mós, Jorge Figueiredo, apresentou uma vertente diferente de aplicação de pedra, a também arte milenar de construção em pedra seca sem ligante que resulta “na arquitetura do útil” que povoa a zona serrana do concelho.
A encerrar a sessão, Célia Marques, vice-presidente executiva da ASSIMAGRA, afirmou que “Lisboa é a verdadeira guardiã da Calçada Portuguesa”, mas que esta enfrenta uma série de desafios, entre eles a transmissão deste “saber-fazer”, a escassez de profissionais, a adaptação desta arte às novas exigências dos centros urbanos e a necessidade de equilibrar os interesses económicos da indústria extrativa e os valores ambientais.
No final da sessão a comitiva seguiu para a inauguração da exposição, que contou com a visita guiada pela voz de António Miranda e de António Prôa.
A exposição está patente na Central das Artes, em Porto de Mós, até ao dia 25 de março, com entradas gratuitas.